“Quando a emoção torna-se tão
forte no discurso, você canta; quando ela se torna tão forte na canção, você
dança.” (Máxima do Teatro Musical)
Um dia de expediente como outro
qualquer, 14 de setembro passado, em uma das muitas andanças pelos corredores do
Tribunal de Contas de Santa Catarina, encontrei a Rosana Sell Koerich, integrante
do Grupo Gestão de Pessoas, que me chamou para conversar. Fez-me,
então, um convite para repetir o show “Recortes”, que eu havia produzido no ano
passado, ao lado do pianista Luiz Gustavo Zago, com participações de músicos
servidores e coralistas do Hélio Teixeira da Rosa. Segundo Rosana, o show havia
sido um grande sucesso entre o público interno.
Cheguei a meu posto de trabalho,
na Coordenação de Auditoria Interna, e relatei para a colega Janaina Teixeira
Correia de Medeiros o gentil convite. Ao ouvir minhas ponderações sobre os prós
e contras que envolvem a produção artística, a colega sugeriu: “Por que não
apresentas algumas das tuas interpretações dos musicais que já participaste,
quando membro do Estúdio Vozes?”
A ideia pareceu-me interessante. Conversei com
cantores do Coral Hélio Teixeira da Rosa e alguns sinalizaram que me acompanhariam
na jornada, caso eu resolvesse produzir o show. A motivação foi crescendo e ao
falar com a Rute (Gebler) – minha maior incentivadora e quem me apresentou ao
teatro musical – tomei a decisão de iniciar a produção. Rute comprometeu-se a
dar o apoio que estivesse ao seu alcance. Certamente, eu não poderia perder a
oportunidade de convidá-la para uma participação especial, afinal de
contas, quantas das produções do Estúdio Vozes – do qual é fundadora e
coordenadora artística –, em especial os “Vozes da Primavera”, foram formadoras
de um público que passou a admirar o gênero?
Em menos de uma semana, eu já havia
preparado material áudio-visual para descrever o projeto intitulado “Recortes da Broadway”, que contemplava 20
highlights de grandes musicais
americanos, encenados em português, com uma única exceção: Singing in the rain (ícone do gênero, que, em 2012, completa 60
anos). Em 19 de setembro, apresentei o projeto que desenvolvi a uma plateia de
40 cantores, no Auditório do TCE/SC. Alguns vislumbraram oportunidade de
reviver cenas já levadas ao Teatro Ademir Rosa; outros acharam a proposta
audaciosa demais e, alegando experiência de apenas cantar em coro, declinaram
do convite.
Mas a empolgação dos demais foi o
combustível que alimentou dias e noites de concepções e possibilidades
artísticas para realizar o espetáculo... Senti necessidade de complementar o
elenco e, por meio da rede social Facebook,
convidei a cantora, bailarina e coreógrafa, Manoella Vieira da Silva para repetir
seu solo “Se tu faz para Mama”, do musical Chicago, que eu havia assistido no
Teatro Álvaro de Carvalho, no primeiro semestre. Manoella “curtiu” e indicou
vários amigos que (também) haviam se contagiado pela proposta – alguns da Cia “O Grito” (vencedora do concurso de corais da TV Xuxa, da Rede Globo).
Passei a telefonar para cantores
conhecidos e amigos. Cláudia Todorov aceitou prontamente o convite para cantar uma
de suas personagens. Sua aluna, a servidora Cristina de Oliveira Rosa da Silva,
que participou do show “Recortes” em 2011, já a havia prevenido da mobilização
artística que estava acontecendo no TCE/SC. Cláudia sugeriu uma cena da Noviça
Rebelde e crianças foram “convocadas” para participar.
Além dos cantores mais
experientes do Coral Hélio Teixeira da Rosa, membros do Estúdio Vozes e o Tenor
Thompson Magalhães (a quem fui apresentado pela Soprano Cláudia Todorov), juntaram-se
ao grupo. Bailarinas e bailarinos e um aluno do Curso de Cinema da UFSC, que
também já havia feito aulas de canto, Bernardo Bértoli Amin, completaram o
elenco. Bernardo responsabilizou-se pela produção de imagens e vídeos a serem
projetados durante a encenação – um recurso recentemente incorporado às grandes
montagens do teatro musical.
Luiz Gustavo Zago comprometeu-se
a formar a banda de instrumentistas, mas, em virtude da extensão do repertório
e da quantidade de shows que ele tinha pela frente, não poderia assumir o piano
em todo o repertório. A alternativa viável era incluir mais um pianista que se
responsabilizasse por metade do programa. Foi convidado, então, o pianista
Marcos Rocha para integrar a banda.
O Estúdio Vozes, coordenado pela
Soprano Rute Gebler, disponibilizou seu acervo de figurinos. O elenco
complementou com trajes e artigos pessoais. Adaptações foram feitas para
conferir veracidade a cada um dos personagens.
Os cenários foram confeccionados
e adaptados para um auditório, observadas as condições de contrarregragem que o
local oferece. Algumas peças são produzidas por mim, durante os finais de
semana, outras são “capturadas” por Vera Caldeira de Andrada e seu esposo
Romualdo, coralistas do Hélio Teixeira da Rosa (Vera, também, assumiu
atribuições de costureira de alguns adereços do cenário, assim como a servidora
Rosana Sell Koerich, para colaborar com a produção).
Ciente que o convite inicial para
a semana do servidor havia se tornado em um show mais aprimorado, o Grupo
Gestão de Pessoas levou proposta à Presidência da Casa de torná-lo uma das
atrações de inauguração do edifício-sede do TCE/SC – o que, prontamente, foi
aceito. O Gabinete da Presidência tem dado todo o apoio necessário para que a
produção possa ser adaptada ao espaço do novo auditório.
Desde 24 de setembro, todas as
segundas e quartas-feiras, o grupo ensaia o “Recortes da Broadway” com o firme
propósito de vencer o desafio da escassez de tempo, para transformar um espaço
destinado a solenidades e palestras em um palco de onde emergirão personagens,
situações, diálogos musicais e coreográficos, para despertar emoções no público
que estiver presente, e fazer parte da nova história do Tribunal de Contas de
Santa Catarina.